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Seguindo o caminho de sua missão, Mestre Irineu se reencontra com seu velho amigo Antônio Costa em Brasiléia, este já havia percorrido outros caminhos de descoberta da ayahuasca, vivendo experiências juntamente com seu irmão André. Ambos estavam convictos de iniciar uma obra na cidade, formando então o primeiro centro brasileiro dedicado a comunhão da ayahuasca, o Círculo De Regeneração e Fé, fundado entre 1913 e 1916.

Os irmãos Costa convidaram Irineu a fazer parte do centro já formado e ele no início aceitou. Juntamente com a ayahuasca realizavam estudos esotéricos, agregando conhecimentos de ocultismo e magia. No decorrer da jornada, Irineu se retirou do círculo, segundo consta, sua saído foi por motivos de encontrar preconceito com a ayahuasca. Dizem os mais velhos da tradição que ele saiu por encontrar muita perseguição.

O círculo teve em sua direção o comando dos dois irmãos, essa direção recebeu o nome de Estado Maior, a instancia central do poder dentro da entidade. Os irmãos gozavam de melhores condições financeiras, garantindo a sede e demais despesas da entidade. Os antigos dizem que também houve desentendimentos sobre a questão da direção que desagradaram Irineu, e este firme em seu propósito de “doutrinar o mundo inteiro” se retirou, abandonando Antônio Costa, seu compadre e eternamente aquele que foi seu primeiro professor no caminho da ayahuasca. Após a saída de Irineu, o círculo se fechou, findando sua breve história.

Em Brasiléia Irineu se alistou na Comissão de Limites da Fronteira Nacional, trabalhando na demarcação da divisa do novo território. Contam-se as histórias que a seriedade de Irineu despertou olhares dos comandantes do batalhão, sendo ele escolhido para transportar e proteger malotes de valores e documentos. Por estes meios, ele teria percorrido toda a região dos seringais, adentrando o seio da floresta, demarcando fronteira e se iniciando nos saberes dos antigos guardiões da memória ancestral.

Observou toda àquela gente e os modos de como lidavam com as plantas, os velhos raizeiros e rezadores espalhados por várias colocações. Dizem alguns relatos que ele chegou a aprender uma língua nativa com os índios da região. Também teve contatos com a Bolívia e com o Peru, tendo com certeza comungado ayahuasca nas variantes caboclas – vegetalistas. Seu trabalho na comissão se encerrou em 1926 ou 1927.

Após essa data, sem encontrar oportunidade de trabalho, Irineu partiu para Rio Branco, onde trabalhou como operário da construção civil, sendo possivelmente servente de pedreiro, pois não tinha conhecimento especializado na área. Mas em 1928, se alistou na Guarda Territorial, passando a ser soldado da corporação.

Com a missão de manter a ordem pública, a Guarda Territorial fez grande alistamento e Irineu Serra era um homem forte, sendo logo aproveitado dentro do regimento. Lá, fez boas amizades, de soldado foi promovido a cabo em pouco tempo de praça. Destaca-se com primazia a amizade com o coronel Fontenele de Castro, o comandante do regimento que teve um desgosto quando o combatente anunciou que iria partir dando baixa nas fardas para sua missão prosseguir. Dizem que o coronel ofereceu promoção com nova batente, mas não teve acordo, era necessário começar o trabalho que a Rainha lhe ordenou: doutrinar o mundo inteiro e ser um irmão verdadeiro. Até esse momento, Mestre Irineu vinha realizando diversas formas de comunhão da sagrada bebida. Acredita-se que ora comungava sozinho, ora junto aos caboclos, mas tudo indica que em Rio Branco começou a centrar seu trabalho de modo especifico, sem fazer alarde colhia as plantas na mata e quando recebia folga da corporação, se ausentava para um lugar distante, realizando seu próprio “feitio” e sua comunhão.

Assim foram seus primeiros passos em Rio Branco, até que um dia um amigo de patente lhe pediu permissão para fazer uma observação, era Germano Guilherme, ele estranhava o paradeiro de Irineu, perguntou então o que ele fazia quando “sumia” e pediu permissão de ir junto em uma próxima oportunidade. Irineu aceitou o pedido e os dois, em uma folga, foram juntos para dentro da mata. Chegando no lugar apropriado Irineu retirou um bocado de cipó e de folha de um bornal e começou a o feitio, trabalhando a bebida que se chamava “Uasca”. Quando concluiu o trabalho, se preparou para tomar, sem oferecer a Germano, que o interpelou fazendo o pedido, no que foi aceito e a partir daí se tornou seu companheiro e primeiro discípulo do professor.

Começava assim a história do Daime, após muitas voltas e uma longa caminhada desde a revelação da Rainha naquela noite enluarada, do Círculo de Regeneração e Fé um grande aprendizado, deveria tomar cuidado com a vaidade dos homens que poderia deixar um Trabalho arruinado.

Junto de Germano Guilherme, Irineu se fazia mestre de uma nova tradição, não a primeira, pois dos caboclos era herdeiro, começando seu aprendizado nas florestas do Peru, meso que em busca do dinheiro, foi assim a jornada de nosso querido mestre, seu posto no comando do Daime lhe conferiu autoridade maior que um simples professor, ele é o Mestre Imperador Juramidam, filho da virgem da Conceição, que começaria a missão de doutrinar o mundo Inteiro.