O que que é o ego e como ele se originou?

ego

Conforme tentamos escolher e trilhar um caminho espiritual, nos deparamos com o conceito de ego e, então, frequentemente nos perguntamos o que ele é e como ele se originou. Quando fazemos esse tipo de pergunta, não percebemos que ela é, na realidade, uma afirmação mascarada em forma de questão. Esse tipo de questão é feito por uma mente egóica que tenta afirmar e estabelecer sua própria realidade e identidade única. Se as fazemos é porque acreditamos que estamos aqui e agora queremos uma explicação para como chegamos aqui.

Entretanto, “se Deus é perfeito e unificado e tem um Filho perfeito e unificado, como poderia um pensamento imperfeito de separação e divisão ter tido a possibilidade de surgir dentro de uma Mente assim?

A consciência, sendo a primeira divisão introduzida na mente do Filho adormecido, é um estado egóico onde um perceptor e um percebido são vistos como existindo como “realidades” separadas. A consciência resulta em um conceito de um falso ser limitado, que é separado e incerto, parecendo experienciar um oposto ao verdadeiro Ser como Deus O criou. ” Ken Wapnick

É exatamente esse falso ser que pergunta a respeito de sua própria origem e busca, dessa forma, comprova-la. Mas, poderia a imperfeição ser originada da perfeição? Acreditamos e experimentamos que somos realmente seres separados e distintos e, por isso, colocamos questões como essa. Entretanto, ela só poderia ser respondida partindo-se do princípio de que a separação de Deus realmente aconteceu.

Por outro lado, apesar de ser uma pergunta razoável, ao invés de nos preocuparmos sobre como e por que a separação aconteceu no passado distante, não deveríamos nos preocupar sobre por que ainda fazemos a mesma escolha de nos separar no presente?

Um Curso em Milagres define o ego de uma maneira não dual:

O que é o ego? Apenas um sonho acerca do que realmente és. Um pensamento segundo o qual estás à parte do teu Criador e um desejo de seres o que Ele não criou. É uma loucura, sem nenhuma realidade. Um nome para o que não tem nome, é tudo o que ele é. Um símbolo da impossibilidade, uma escolha por opções que não existem.

(…)

O nada, mas em uma forma que aparenta ser algo. Em um mundo de formas, o ego não pode ser negado, pois só ele parece real. No entanto, seria possível o Filho de Deus, tal como Ele o criou, habitar na forma ou em um mundo de formas?” Um Curso em Milagres – Manual dos Professores

Então o ego seria apenas um pensamento, uma ideia insana de que poderíamos nos separar de nosso Criador. Ele seria a materialização de nosso desejo de ser algo diferente do Ser que Deus criou em unicidade com Ele, mas o próprio desejo em si de sermos separados e diferentes uns dos outros é uma grande ilusão. Como acreditamos que tal pensamento é concebível, ele se tornou real para nós. Mas é insano acreditar que podemos existir separados de Deus.

Para nós é muito difícil acreditar que o ego não existe, porque acreditamos que somos um corpo comandado por cérebro, que fica pensando a respeito de questões como essas. Vivemos em um mundo de formas, de corpos e, dentro dele, o ego parece muito real e Deus torna-se algo irreal.

Tentamos nos afastar do ego por entender que o escolhemos por causa do medo que temos da natureza global e universal do Amor de Deus. Então, todas as vezes em que aceitamos um pensamento de especialismo, nos magoamos, ficamos chateados ou sentimos que alguém tenha nos tratado injustamente, isso nada mais é do que uma tentativa de tentar provar que a verdade da Unicidade não existe.

Nossa tentativa de definir o ego é a tentativa de nosso próprio ego em fazer com que ele se torne real. Então, não há maneira de definir o ego, já que ele inexiste. Podemos, no entanto, dizer o que ele não é e olhar para os seus opostos; e isso nos levaria a uma resposta significativa.

O oposto do ego em todas as formas – em origem, efeito e consequência – nós chamamos de milagre.” Um Curso em Milagres – Manual dos Professores

Na definição do Curso, o ego é o centro do sistema de pensamento da mente errada e o milagre é centro do sistema de pensamento da mente certa. Então, o ego seria o problema e o milagre a correção. O ego se julga um ser separado por corpos e o milagre nos conta que somos uma mente, que, por sua vez, pode escolher de maneira diferente.

A única forma de podermos compreender algo sobre o ego é dando um passo atrás, observando-o sem nos identificar com ele. É impossível entender o ego estando dentro de seu sistema de pensamento. O milagre, conforme definido pelo Curso, nos leva à nossa mente certa que observa nossa personalidade atuando.

Quando acreditamos nas leis de especialismo do ego, onde um sempre precisa perder para que outro ganhe, tudo o que vamos alcançar é infelicidade. Entretanto, quando percebemos que isso era apenas uma escolha equivocada, o sofrimento se vai.

Quanto mais nos tornamos conscientes do que o ego não é, fica mais fácil compreender que estamos sempre escolhendo entre o medo ou o amor.  Nós não podemos salvar o mundo através do que fazemos, mas apenas por curar o nosso mundo interno transformando-o em um lugar de amor ao invés de um lugar de ódio e medo. E o amor que experimentamos em nós mesmos deve incluir a todas as pessoas, ou então não é amor e sim uma outra forma de especialismo.

Não precisamos compreender o motivo pelo qual as coisas acontecem ou não ou como fazer com que aconteçam. Precisamos apenas compreender que estamos constantemente escolhendo entre a ilusão do ego ou a verdade do Amor Universal.

O problema e a resposta estão juntos aqui e, tendo-se afinal encontrado, a escolha está clara. Quem escolhe o inferno quando ele é reconhecido? E quem não iria um pouco mais adiante quando lhe foi dado compreender que o caminho é curto e sua meta é o Céu? ” Um Curso em Milagres – Manual dos Professores

Quando enxergamos a diferença entre os sistemas de pensamento de medo e de amor, a escolha é óbvia, por entendermos que o medo do ego é nada e o Amor de Deus é tudo. O milagre é o caminho que nos leva para casa e, por isso, devemos pedir ajuda todas as vezes em que formos tentados a julgar, condenar e atacar.

Conforme escolhemos de acordo com a nossa mente certa, sentimos uma profunda paz e essa pode ser usada como medida para as escolhas que faremos a seguir. A escolha pelo milagre nos traz alegria, felicidade e paz e faz com o que o Céu não esteja muito distante.

Em outras palavras, pare de se preocupar com o ego e em analisá-lo. Buque apenas a experiência da luz.